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Onde o futebol não entrou em quarentena: Nicarágua

Competição foi a primeira a ter um campeão nacional em campo desde o começo da pandemia

Por Lucas Vasconcellos
20 maio, 2020 às 22:24
em Atrás do Gol
Alemanha retoma futebol, Bangladesh cancela temporada, e outros sete países anunciam retornos de competições nacionais

Real Estelí comemora Título do Torneio Clausura da Nicarágua (Foto: Divulgação/Real Estelí FC)

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Embora haja expectativa de que grande parte das ligas do continente Americano voltem a ser disputas ainda esse ano, boa parte dos países ainda não estipularam data retorno das respectivas ligas nacionais. Apenas duas federações no continente decidiram seguir um rumo diferente. Claudio Tapia, presidente da Associação Argentina de Futebol (AFA), optou pelo encerramento da temporada, paralisando a Copa da Superliga com apenas uma rodada disputada, e paralisando a Copa da Argentina que estava na segunda fase quando foi interrompida. A outra federação que optou por não parar momentaneamente as atividades, tanto que já concluiu por completo a temporada, foi a Federação Nicaraguense de Clubes de Futebol (ANCF), presidida por Júlio Carlos Lopez, que encontrou apoio de nove dos dez times da competição para não paralisar o campeonato, sendo a única do continente que não parou.

 A Liga Primera da Nicarágua não é das mais niveladas, e ocupa apenas a 151ª colocada no ranking da FIFA. Para definir a paralisação ou não campeonato, o presidente Julio Carlos Lopez organizou uma votação entre os dez participantes do torneio. Chinandega FC, Juventus FC, Managua FC, CD Ocotal, ART Jalapa, Real Estelí FC, Real Madriz FC, UNAN FC e CD Walter Ferretivo, foram os clubes que votaram pelo prosseguimento a competição. O único clube que não apoiou o prosseguimento sem pausa da competição foi o Diriangén FC, um dos clubes mais tradicionais do país e maior vencedor com 27 títulos. A única medida tomada pela Associação Nicaraguense de Clubes de Futebol, foi de fechar os portões aos torcedores.

Além de contar com o apoio de grande parte do clubes, Julio Lopez contou com outro grande aliado, para a não paralisação: O Presidente da Nicarágua, Daniel Ortega que não impôs qualquer restrição oficial. Há mais de 13 anos no poder, Daniel Ortega, assim como os presidentes do Brasil, da Bielorrússia e do Turcomenistão, é um negacionista do vírus. Em seus discursos direcionados a população, já chegou a afirmar que “A pandemia nada mais é do que um sinal divino, uma espécie de aviso de que a humanidade não está seguindo o rumo correto”. O ditador manteve escolas, comércios e mercados abertos, se recusou a decretar quarentena, fechar as fronteiras ou exigir distanciamento social. Uma das poucas recomendações dadas por Ortega em seus pronunciamentos televisionados à população, foi apenas o reforço de práticas de higiene pessoal, como lavar as mãos.

(Foto: Divulgação/Real Estelí FC)

A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), afirmou nesta terça-feira (19) que o governo de Daniel Ortega não está cumprindo sua responsabilidade de relatar o impacto do novo coronavírus, conforme acordado no Regulamento Sanitário Internacional (RSI). Vale lembrar que a Nicarágua é um dos países mais mal posicionados no ranking de liberdade de imprensa do mundo, ocupando a 117ª colocação. Tal fator dificulta ainda mais saber se o número de casos notificados e de mortes em relação ao vírus condiz com a realidade. Oficialmente, o país tem registrado 257 casos, com 17 mortes confirmadas.

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Em protesto ao andamento do competição, os jogadores do Diriangén FC, único clube que foi contra o andamento do campeonato, entraram em campo usando máscaras, como forma de protesto. A tradicional foto posada era feita, mas com os atletas mantendo distância, sem se abraçarem. O campeonato foi finalizado no dia 9 de maio, Real Estelí e Managua FC protagonizaram a final, levada pelo Real Estelí, sagrando-se campeão pela 15ª vez da competição.

Lucas Vasconcellos

Lucas Vasconcellos

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